JMJ e Banco Alimentar lançam campanha “Não desperdice: Partilhe!”
A Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023 e o Banco Alimentar Contra a Fome lançaram uma campanha contra o desperdício alimentar com o mote “Não desperdice: Partilhe!”. Esta campanha apela aos Peregrinos para que coloquem todos os alimentos que não sejam consumidos, desde que embalados, em caixas especificamente concebidas para o efeito. Estes serão em seguida recolhidos pelo Banco Alimentar, devidamente verificados para garantir a segurança alimentar e encaminhados para pessoas com carências alimentares comprovadas.
A campanha é dirigida aos jovens de todo o mundo que participam no encontro e surgiu de forma a abraçar a sustentabilidade e sensibilizar para o consumo responsável e utilização de bens, tendo por guia as encíclicas do Papa Francisco Laudato Si’ e Fratelli Tutti, que convocam para o cuidado com a nossa Casa Comum. O objetivo é chamar, de forma ativa, a atenção para uma questão que só poderá ser minorada com a vontade de todos.
De acordo com Carmo Diniz, do Comité Organizador Local (COL) para a JMJ Lisboa 2023, "as palavras do Santo Padre, na encíclica Laudato Sí, acerca da Cultura do Cuidado são inspiradoras e motor para este trabalho com o Banco Alimentar contra a Fome”. “Com a consciência de que, quando cuidamos do mundo com um sentido de solidariedade habitamos uma Casa Comum que Deus nos confiou, agradecemos toda a disponibilidade e empenho colocados nesta iniciativa do Banco Alimentar contra a Fome", concluiu.
Todos os anos um terço da produção alimentar é desperdiçada no mundo, segundo os dados da Organização das Nações Unidas Para a Alimentação e a Agricultura (FAO). A realidade do desperdício é chocante e um contrassenso do ponto de vista económico, ambiental e social e tem merecido a atenção de muitos agentes de vários setores.
Por este motivo e mobilizando os jovens de todo o mundo, a JMJ Lisboa 2023 é uma boa oportunidade para sensibilizar de forma construtiva, para que todos se unam neste encontro agregador e possam aceder a ideias e sugestões para contrariar o desperdício alimentar.
Isabel Jonet, Presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome, uma das fundadoras do Movimento, considera que “esta pode vir a ser uma das principais lutas mundiais, a par de outras estruturantes como a fome ou a preservação do ambiente, até porque o desperdício alimentar acaba por convergir em ambas”. Para Isabel Jonet, “trata-se de uma injustiça” os casos de “destruição de comida que está em bom estado e pode ser consumida”, quando “há pessoas que carecem dela para viver”. “O alimento é um bem de consumo diferente de todos os outros precisamente, porque é essencial para a vida”, apontou ainda.
O desperdício alimentar é um tema com impacto a vários níveis (ambiental, económico e social) e a estratégia delineada para a Economia Circular pela União Europeia inclui este objetivo numa perspetiva integrada. Um terço da comida que se produz está condenada ao desperdício e 17% da comida é deitada fora ainda antes de chegar aos consumidores. O desperdício de alimentos é responsável pela emissão de gases de efeito de estufa equivalente à rede global dos transportes terrestres, contribuindo para o aquecimento global. Se este desperdício fosse aproveitado, seria suficiente para alimentar dois mil milhões de pessoas. Daria para dar de comer duas vezes a todos aqueles e aquelas que passam fome em todo o mundo.
Na Europa, cerca de 88 milhões de toneladas de alimentos são desaproveitados anualmente, com um custo estimado de 143 mil milhões de euros. Em Portugal, embora não existam dados oficiais, estima-se que 1 milhão de toneladas de alimentos são deitados para o lixo, que dariam para alimentar as 360 mil pessoas com carências alimentares no nosso país.